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sábado, 28 de julho de 2012

PURA POESIA!



Olá, pessoal

Quero pedir desculpas pela demora em atualizar o blog. Esses dias estou na maior correria, muita coisa pra resolver e sem inspiração (?), tempo pra postar.

Quero deixar algo bem ligth, algumas poesias e uma música pra deixar o final de semana mais leve. Nessa seleção só tem fera!


Canção para uma valsa lenta
                       Mário Quintana

Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar...


Mãos dadas
            Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente. 


Nem tudo é fácil
      Cecília Meireles

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!

Fanatismo
           Florbela Espanca


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”



E para completar, um vídeo, interpretado por Fagner e Zeca Baleiro, com o poema acima de Florbela Espanca, poeta portuguesa.
 Carpe diem!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

JÁ NÃO SE FAZEM MAIS ESTUDANTES COMO ANTIGAMENTE...

Esse título parece algo obsoleto, mas eu afirmo que não, ele é bem pertinente, bem adequado a atual conjuntura.
Por que eu estou afirmando isso? Bem, por experiência própria. Eu, além de lecionar, faço revisão de textos, de trabalhos, oriento TCC, monografia, faço revisão de teses e dissertações. É comum chegar estudantes de diversas partes "sugerindo" que eu faça, ou melhor, produza trabalhos em troca de pagamento, pois pensar, escrever, dá muito trabalho. Apesar da coisa "tá feia" ultimamente, apesar da crise financeira, ainda mais depois de mais de 100 dias em greve, sem receber um centavo, não dá pra me submeter a uma coisa dessas. Sei que tem muita gente que faz, eu não condeno, mas eu não faço.


Boa parte dos estudantes, atualmente está no grupo da geração "Control C, Control V", ou seja, aqueles que chegam na internet copiam e colam tudo o que veem, sem analisar, ler, sem critérios e se apropriam dos textos de outrem como se eles fossem os verdadeiros autores. Por experiência própria, sei que isso ocorre da educação básica à universidade, pois já tive muitos alunos desses níveis.

O nível educacional que se tem no Brasil atualmente deixa muito a desejar. E o problema começa da base, da alfabetização. Há muitos projetos governamentais, contudo, há muito o que fazer ainda pra que tenhamos uma educação de qualidade. Falta investimento e respeito aos professores. Falta encarar a educação com sendo algo prioritário, caso contrário, ela será apenas um meio de arrancar dinheiro para investir em projetos mirabolantes e ineficazes. Falta respeito ao cidadão, pois investindo nele, investindo na educação teremos um país próspero onde todos têm as mesmas oportunidades.

Mas, pra que investir em educação se é mais fácil ter um povo desinformado para poder manipular melhor, não é mesmo?

Voltando ao aspecto inicial do texto, quero chamar a atenção para uma reportagem sobre uma estudante universitária de Belém que forjou o próprio sequestro para não entregar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Confesso que fiquei chocada quando li a notícia, mas infelizmente esse é o perfil que temos hoje em todos os níveis educacionais.

A proliferação de escolas e faculdades particulares em "quase todas as esquinas" contribuiu e muito para essa situação. É incrível, mas a maioria dos estudantes atualmente não querem saber mais de ler, de pensar; produzir então, nem se fala.
Não atribuo totalmente a culpa a tais estudantes, mas o problema é uma bola de neve: é o sistema, são profissionais despreparados, são instituições de ensino sem projetos educacionais sérios, são estudantes descompromissados, sem perspectivas...

Há que se fazer alguma coisas, ou melhor, muita coisa para mudar esse quadro, a começar por eleger políticos que tenham compromisso com o social.
 E por falar nisso, quero citar o exemplo de duas cidades do estado do Rio de Janeiro, que são os municípios de Bom Jesus de Itabapoana e Santo Antônio de Pádua, cujo número de votos nulos em eleições municipais, em 2008, superaram o número de votos válidos, comprometendo dessa forma, as eleições. Resultado, em Bom Jesus de Itabapoana os votos nulos alcançaram 89,23% da preferência do eleitorado e o único candidato à prefeitura amargou com 6,3% dos votos. Já em Pádua, os votos nulos somaram o equivalente a 60,35% do eleitorado. Por conta disso, uma nova eleição foi realizada. 

O TRE afirma que, nenhum candidato pode tomar posse quando os votos nulos e em branco apresentam um coeficiente maior do que a soma dos votos dados aos candidatos.

Essas coisas não se divulgam, não é mesmo? Quando fizermos isso, automaticamente estaremos exigindo a realização de uma nova eleição com outros candidatos, pois os mesmos não podem pleitear novamente. Só assim surgirão candidatos comprometidos e uma sociedade mais organizada.

 
Assim, fatos como o da estudante que forjou o próprio sequestro, pois não tinha produzido o trabalho e cujo prazo já havia expirado, não acontecerão, uma vez que, instituições de ensino, professores e estudantes estarão imbuídos do mesmo objetivo.

Carpe diem!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

"BRASIL CARINHOSO"...?

Pessoal

Recebi essa mensagem e quero publicá-la na íntegra. Por favor, é um pouco extensa, mas vale muuuuuuuuuito a pena ler. Trata-se de uma carta que Martha de Freitas Azevedo Pannunzio escreve para a presidente Dilma Roussef.

Para quem não sabe, Martha Pannunzio é escritora, professora, formada em Letras e artes visuais, pela Universidade Mackenzie e de Uberlândia, respectivamente. Portanto, uma assumidade, uma referência; tem toda autoridade pra falar o que fala e da forma que fala.

Sem delongas, confiram:

Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.
 
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA!  É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante  severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil. 
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para “engordar” sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinqüenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.

É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura,  bastante politizada, marxista, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do “quanto pior, melhor”. São discricionários, praticantes do “bullying” mais indecente da História do Brasil.
 Em 1988 a Assembléia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*.  Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou?  O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma?  Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem.  De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros.  Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA  brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens lêem (quando lêem), mas não compreendem o que leram.  Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.  Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula  dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos  governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo.  Sou  fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez.  Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é “os outros”. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.       
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileiras vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser  votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, desprecisada  e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.
A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga  brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente?  Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital.  Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE.  Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.

 Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto.Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são.  Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem.Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma conseqüência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê?  Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012   
marthapannunzio@hotmail.com        CPF nº 394172806-78
*CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TÍTULO II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais


CAPÍTULO I


DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Bem, acho que fica um pouco difícil querer empurrar os "projetos governamentais" goela abaixo do povo. As coisas já estão ficando insustentáveis, a crise petista e, por consequência, governamental está se alastrando e digo isso com propriedade, pois o governo da Bahia (que não é baiano) está querendo governar com "braço forte", ressuscitando a ditadura que ele tanto censurou e oprimindo o povo baiano, perseguindo o funcionalismo público, colocando polícia de choque para coagir os professores estaduais em greve.
Não estamos vivendo a tão almejada democracia? E por que tanta imposição? Chega de discursos vazios e opressores. Queremos respeito e dignidade.
Carpe diem!!

sábado, 14 de julho de 2012

* CARPE DIEM!! *

Queridos e queridas leitoras.

Hoje eu estava meditando sobre a falta de algumas virtudes nesse mundo louco em que vivemos.

Valores como honestidade, gentileza, respeito, altruísmo, amor e tantos outros parece que estão em extinção.

Quando vemos alguém, muitas vezes agir na "contramão" dos costumes atuais, ficamos até desconfiando..."será que essa pessoa não está interessada em alguma coisa, em algo mais?". 

Um fato que  deixou muita gente estupefata foi o do casal de moradores de rua que achou um saco com 20 mil reais e resolveu chamar a polícia para devolver. Pensemos um instante: Aquele casal tinha todos os motivos para se apossar do dinheiro, tendo em vista as circunstâncias em que ele estava vivendo; poderia ter deixado para trás valores "bobos" como honestidade e chutar o pau da barraca e nem se lixar pra origem daquele dinheiro. Certamente, eles teriam muitas coisas úteis para investir, principalmente pensar em ter uma vida decente, dar uma guinada naquela situação de subvida, tentar abrir um negócio, etc, etc, afinal, não é todo dia que se acha uma quantia dessas de dinheiro, não é mesmo?

Em contrapartida, o casal, numa atitude nobre resolve acionar a polícia e devolver o que não era deles. Achei muito bonita a atitude deles e ainda mais precioso foi o que o morador de rua falou sobre a decisão tomada: " Eu parei para pensar no que minha mãe falou para mim, para nunca roubar nada que é dos outros". 
 Ainda bem que ainda existem pessoas (como as que ajudaram o casal a fazer uma nova história) que acreditam no ser humano,  e investem para que destinos sejam transformados, dando emprego, apoiando, valorizando a atitude dessas e de outras pessoas.

As vezes falamos sobre passarmos valores como respeito, honestidade, justiça e amor para nossos filhos, sobrinhos, alunos, enfim, para as pessoas que estão a nossa volta e diante de algumas situações, ficamos até incrédulos, achando que tais valores não foram ou não serão assimilados. A atitude desse casal de moradores de rua vem contrariar toda essa "teoria".

Penso que os políticos corruptos deveriam tomar como exemplo a figura desse casal e dignificar o cargo que ocupam tratando as pessoas, os cidadãos de bem com mais justiça, exercendo a função para a qual foram eleitos, demonstrando, no mínimo, respeito pelas pessoas.

Não cessemos de fazer o bem, independente da situação. Façamos valer a nossa existência, a nossa passagem aqui nesse mundo. Sejamos gentis, solidários, respeitemos o direito dos outros, aproveitemos todas as oportunidades para fazermos a diferença, façamos dos pequenos momentos, dos pequenos gestos, momentos carregados de significados.

Não pensem que essas coisas são demagógicas, que são utópicas. Não fomos criados para vivermos isolados, nos protegendo uns dos outros e sim para vivermos em sociedade. Há tantas invenções, tanto avanço da tecnologia e da ciência e muito retrocesso no que diz respeito ao relacionamento humano...que bom que fosse na mesma proporção...o mundo seria totalmente diferente.


Para concluir, quero deixar com vocês algumas imagens que realmente fazem a diferença, que contam muito, que nos sugerem aproveitar a vida e transformar os pequenos momentos em oportunidades valiosas.



"Devemos aprender a viver juntos como irmãos ou pereceremos juntos como tolos" (Martin Luther King).

 Carpe diem!! 


sábado, 7 de julho de 2012

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS


Eu já postei aqui em outro momento sobre a violência nos ambientes de aprendizagem em todo o Brasil. Contudo, mais uma vez quero retomar o assunto, tendo em vista a frequencia com que o tema tem sido veiculado por diversas mídias.                                      
Delmiro salvione Bonin - Foto Divulgação
No dia 28 de junho, do corrente ano, Delmiro Salvione Bonin, de 55 anos, foi atingido por um adolescente de 16 anos, ao sair da escola da qual era gestor. No momento em que estava entrando no ônibus para ir para casa, o diretor foi alvejado por pelo menos quatro dos seis tiros disparados pelo aluno, conforme informações do 8º BPM (Batalhão da Polícia Militar).

Dias depois, após ser preso, o adolescente tentou justificar o seu ato, afirmando que matou o diretor porque "ele enchia o saco". O garoto conta que estava com raiva do sr. Delmiro porque quando ele saía da sala para beber água ou ia ao banheiro, o diretor mandava ele voltar para a aula e enchia o saco”, relata Noveli, o adolescente.

(Luciara Ferreira dos Santos - Foto: Janaína Carvalho/G1)
Um outro caso de agressão e desrespeito é o da professora Luciara Ferreira dos Santos, 38 anos, que ocorreu em agosto de 2009. Ela escrevia no quadro quando teve suas nádegas fotografada por uma aluna de um colégio religioso de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. A discente publicou a foto em uma rede social da internet e ainda ironizou a imagem, complementando com a seguinte frase: “Kkkkkkk. Se perde aí na televisão de plasma de 42 polegadas”. 

Luciara conta que foi muito humilhada, exposta ao ridículo e ficou traumatizada com o ocorrido. Depois disso, ela resolveu entrar na justiça e mover uma ação contra os pais da aluna, uma vez que ela era menor de idade na época. Recentemente Luciara ganhou a causa na justiça e agora vai comprar...o quê? Uma TV de 42 polegadas com o dinheiro da indenização. Janaína conta que o mais importante disso tudo é o caráter punitivo pedagógico; o resultado serve de incentivo para outros profissionais em educação que são vítimas de situações desse tipo.
A onda de violência não para de crescer e os dirigentes de escolas e professores, assim como o corpo de apoio estão cada vez mais ameaçados diante do comportamento hostil dos alunos.
A falta de segurança e o desrespeito a que nós, professores e professoras, principalmente, estamos sendo acometidos tem nos deixado extremamente assustado(a)s. É bom ressaltar que não se trata de violência simbólica, teoria defendida por Bordieu e Passeron, mas de violência real, expressa pela agressão física ou verbal.

 Mas, cabe aqui questionar quem são os culpados de todo esse processo crescente de violência? Os pais? Os alunos? Os professores? Os governantes? A sociedade?  Infelizmente todos temos nossa parcela de culpa.

Vivemos em uma sociedade que já não sabe lidar com valores como respeito, solidariedade, altruísmo e ética, só pra citar alguns. São famílias desajustadas, falta de políticas públicas, governantes ambiciosos, descompromissados; é a escola que deveria, efetivamente se pautar em uma política pedagógica séria e eficaz.

Precisamos assumir nossos papeis: pai e mãe exercendo seus papeis; professor sendo professor; o poder público propiciando a educação permanente como direito social coletivo, com políticas públicas inclusivas e abrangentes a todos os cidadãos e cidadãs, como outorga a Constituição. Acredito que, a partir desses princípios conseguiremos banir a violência não apenas dos ambientes de aprendizagem, mas também da sociedade de uma forma geral.

 Assumamos nossos papeis com responsabilidade e compromisso para termos educação de qualidade e um mundo melhor, em que a paz, o respeito e a cidadania estejam presentes.


"SE A IGNORÂNCIA É A PRINCIPAL ARMA DOS EXPLORADORES, A EDUCAÇÃO É O INSTRUMENTO PARA A TRANSPOSIÇÃO DA MARGINALIDADE PARA A CIDADANIA, ÚNICA MEDIDA DO DESENVOLVIMENTO DE UM POVO." 
                                                   
                                          (Professor Paulo Afonso Garrido de Paula)

Carpe diem!!  

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O LEVIATÃ BAIANO

O governo de Jaques Wagner tem sido marcado por sucessivas irregularidades que envergonham a Bahia.

São contratos milionários sem licitações, a exemplo da empresa de Jorge Portugal (http://www.aplbsindicato.org.br/estadualeinterior/destaques/empresa-de-jorge-portugal-recebeu-r68-milhoessem-licitacao-em-4-anos/),  repasses milionários à ONG´S (http://metro1.com.br/portal/?varSession=noticia&varEditoriaId=10&varId=12423),  irregularidades na política (http://www.jornalbahiaonline.com.br/index.asp?noticia=7330), nos transportes públicos (http://atarde.uol.com.br/politica/noticia.jsf?id=1298588&t=PMDB+entra+com+acao+contra+Jaques+Wagner), a maquete da Bahiatursa (R$ 1,55 milhão) que custou mais que a cobertura que o governador tem na Vitória, um dos bairros nobres e mais caros de Salvador (http://www.jornaldamidia.com.br/2012/06/26/bahiatursa-gasta-mais-de-r-15-milhao-com-maquete/), cifras milionárias com hotel (http://www.jornaldamidia.com.br/2012/07/04/secretaria-da-educacao-gasta-r-126-milhao-com-hotel/), aluguéis exorbitantes (http://www.jornaldamidia.com.br/2012/03/12/secti-renova-contrato-de-aluguel-de-salas-no-suarez-trade-por-r-231-milhoes/#.T_XMhJHT7NA), e tantas outras irregularidades que o espaço nesse blog não comportaria para denunciar.

A saúde no estado da Bahia está uma lástima; a (in)segurança pública nos faz refém dos marginais; a educação está sucateada e os profissionais dessa área sendo pisados, humilhados, reprimidos, combatidos, mas não vencidos.

O (des)governador desgovernado tenta governar com mão forte, explicitando toda a sua raiva e tirania, querendo impor sua autoridade ditatorial como se os professores e professoras fossem marionetes em suas mãos. Ele não se conforma com a resistência dessa classe que não se dobrou diante dos seus desmandos e de suas ilegalidades.

São mais de R$ 900 milhões de recursos do Fundeb, além dos quase 103 bilhões (pasmem) das 05 parecelas do Fundeb repassadas pelo governo federal. Onde está esse dinheiro? Queremos saber. Queremos que o governador abra a "caixa preta" do Fundeb e mostre em que, como e onde ele gastou o dinheiro público destinado especificamente para a educação.

Governador, não estamos querendo aumento de salário; não estamos querendo privilégios, só estamos querendo e exigindo que o sr. cumpra a Lei do Piso Salarial Nacional (LEI 11.738, sancionada em 16/07/2008).
 A era Wagner está inaugurando um momento histórico na Bahia. Está sendo o governo em que mais houve greves, insastifações e inúmeras retaliações ao trabalhador.
 
Por outro lado, também está sendo nesse governo o momento em que as categorias, a exemplo dos profissionais da educação, ordeiramente estão fazendo uma revolução consciente, crítica e com muita determinação e cidadania em favor de seus direitos, de sua classe.

Tal fato tem deixado Jaques Wagner irado. Duvidam? Então, confiram o vídeo abaixo, em que ele tenta discursar em Campo Formoso, uma cidade do interior da Bahia e perde literalmente a compostura e esbraveja contra alunos e professores, chamando-os de covardes, quando o covarde está sendo ele.


A greve tem desgastado muito os professores, alunos e toda a sociedade baiana. Estamos implorando que haja uma intervenção federal, pois já estamos cansados e nos sentindo impotentes diante da "justiça" baiana, que não deixa de ser morosa e de certa forma, conivente com essa situação.

O governo de Jaques Wagner já alcançou repercussão nacional com o vídeo das estudetes veiculado  no programa Mais Você, da Rede Globo e também no CQC da Band, além de noticiários da própria Band, Record e SBT, mesmo que, de forma tímida.

Como professora baiana, deixo aqui registrada a minha indignação, em meu nome e em nome de meus colegas de profissão que estão a quase 100 dias lutando para que o descaso na educação da Bahia seja solucionado o mais breve possível e que o governador cumpra as leis como qualquer cidadão, pois ele está exercendo a função de administrador (muito mal, por sinal) e não de ditador.

EM TEMPO 1: O termo LEVIATÃ faz referência a uma criatura bíblica monstruosa, à qual foi recriada por Thomas Hobbes em seu livro (que leva o mesmo nome do monstro) e diz respeito à condição repressiva do Estado em relação à sociedade. Tem alguma relação com o governo de Jaques Wagner do PT?

EM TEMPO 2: O governador diz não ter dinheiro para pagar o piso nacional à categoria (que nada tem a ver com a Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que os recursos para cumprir a Lei do Piso são oriundos do Fundeb), mas investe R$ 318,752 mil no Salvador Fest (http://www.egba.ba.gov.br/diario/DO20/DO_frm0.html), ou seja, são R$ 318.752,00 (trezentos e dezoito mil, setecentos e cinqüenta e dois reais), que corresponde a 80% (oitenta por cento) do valor do projeto. Isso é ou não é uma falta de respeito? É ilegal e imoral diante da situação de calamidade em que se encontram a saúde, a segurança pública e a educação no estado da Bahia.

Carpe diem!!


segunda-feira, 2 de julho de 2012

DEPOIS DE AMANHÃ...

Queridas e queridos leitores.

Hoje quero presenteá-los com uma poesia de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, poeta português, aliás, um dos maiores poetas do século XIX. 

Fernando Pessoa criou várias "entidades", várias pessoas que habitam em um mesmo poeta. Não digam que isso é coisa de maluco. Mas, não dizem que "de médico e louco todo mundo tem um pouco"? Talvez isso justifique e nos tranquilize também...rsss.

Quando nos referimos a  Fernando Pessoa, ele mesmo podemos usar a expressão ortônimo, fazendo referência a sua personalidade original. Contudo, quando nos referimos a alguma de suas criações, usamos a expressão heterônimo.

Deixo aqui a explicação de Pessoa sobre seus heterônimos:
"Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler."

Olhem, não é pouca monta não; cada um dos heterônimos tem biografia, tem "vida própria", data de nascimento, lugar de origem, estilo próprio, enfim, são criações do próprio Fernando Pessoa. Há quem diga que ele era esquisofrênico, que fazia piadas com essa ideia da heteronímia, etc, etc. Mas o fato é que existem poemas muito bons, atribuídos a esses heterônimos.

Tem um poema de Fernando Pessoa, ortônimo, que é muito conhecido:

 Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Segue abaixo um poema de Álvaro de Campos, uma das 127 criações de Pessoa. Pasmem! Em média, ele criou 127 heterônimos. Isso é coisa de gênio ou podem atribuir o nome que quiserem.

 




Adiamento
                                  Álvaro de Campos
 
   Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... 
   Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã, 
   E assim será possível; mas hoje não... 
   Não, hoje nada; hoje não posso. 
   A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, 
   O sono da minha vida real, intercalado, 
   O cansaço antecipado e infinito, 
   Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico... 
   Esta espécie de alma... 
   Só depois de amanhã... 
   Hoje quero preparar-me, 
   Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte... 
   Ele é que é decisivo. 
   Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos... 
   Amanhã é o dia dos planos. 
   Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo; 
   Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã... 
   Tenho vontade de chorar, 
   Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro... 
 
   Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo. 
   Só depois de amanhã... 
   Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana. 
   Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância... 
   Depois de amanhã serei outro, 
   A minha vida triunfar-se-á, 
   Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático 
   Serão convocadas por um edital... 
   Mas por um edital de amanhã... 
   Hoje quero dormir, redigirei amanhã... 
   Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância? 
   Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã, 
   Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo... 
   Antes, não... 
   Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. 
   Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser. 
   Só depois de amanhã... 
   Tenho sono como o frio de um cão vadio. 
   Tenho muito sono. 
   Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... 
   Sim, talvez só depois de amanhã... 
 
   O porvir... 
   Sim, o porvir...


Esse poema reflete o pésssimo hábito que algumas pessoas têm de adiar as coisas, as atitudes, os sentimentos, os sonhos, em suma, a vida. Não podemos protelar as coisas! O tempo não volta atrás, a nossa vida não retrocede.  


Não  espere a concretização dos sonhos se você ficar de braços cruzados.       

Saia da inércia! 

Pare de reclamar!

Lute! 

Vá em busca dos seus ideais! 

Sorria!

Chore!

Ame mais!

Perdoe mais!

Viva a vida! 

Seja feliz!

Carpe diem!!