Boa tarde, leitoras e leitores!
Eu
estava aqui folheando uns livros na minha estante e me deparei com um exemplar
de Rubem Alves, cujo título é "O retorno e terno". Nele eu havia deixado em destaque a crônica
"Sobre coisas essenciais", à qual me chamou muito a atenção e, apesar
de já tê-la lido várias vezes, me peguei refletindo sobre as coisas que
realmente são essenciais na nossa vida, na minha vida.
Em
um mundo tão descartável, em que as coisas são tão efêmeras e as pessoas se
tornaram tão rasas, é até estranho se falar no que, de fato é essencial. A
inversão de valores nos permite dizer que o que era essencial se tornou
supérfluo e vice versa.
A
aparência vale mais que o conteúdo, os padrões substituíram a essência, a
palavra da pessoa já não tem valor, nem mesmo o documento assinado já não tem
sua eficácia, visto alguns ignorá-lo, pois já não sustentam o compromisso
acordado.
Pequenos
gestos como contemplar o pôr do sol, se emocionar olhando a lua, a beleza do mar e
outras maravilhas da natureza, se enebriar com uma poesia ou mesmo o sorriso de
uma criança, por exemplo, se tornou algo cafona, obsoleto.
Eu
mesma sou taxada de romântica incurável, sonhadora, idealista e tantos outros
adjetivos, mas isso não me incomoda, pois prefiro conservar minha essência a ir
na barca que todo mundo vai.
Mas
o que é o tal do essencial? O ar, a água, o dinheiro, os bens materiais, o sexo,
a fama? Tudo depende do seu ponto de vista, do que, de fato é importante pra
você, depende do que você valoriza e tem como prioridade para sua vida e daqueles que
você ama, mesmo sendo um desconhecido.
Schopenhauer, apesar
de ter se mostrado um grande pessimista, foi feliz em afirmar que “o que temos
dentro de nós é o essencial para a felicidade humana.” Ainda mais, ele declarou
que “a maior de todas as maravilhas não é o conquistador do mundo, mas o
dominador de si próprio.” Será que nos dominamos ou nos deixamos dominar? Somos produto do meio, da
sociedade que impõe valores fúteis?
O próprio
Schopenhauer reiterou que “todas as pessoas tomam os limites de seu próprio
campo de visão, pelos limites do mundo.” Creio que se ele estivesse entre nós, comprovaria
que a sua afirmação está tão ou mais atual que no século XIX, uma vez que as
particularidades têm dado lugar ao que é geral, pois a preocupação em fazer o
que todos fazem é meta da maioria nessa sociedade insana.
Aqui, eu rememoro Bob
Marley que, na contramão da sociedade, declarou: “vocês riem de mim por eu ser
diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais.” Ele estava certo e não se
incomodava em ser diferente numa sociedade em que a maioria se esforçava para
ser igual.
Volto ao questionamento inicial... O que é essencial?
Essencial é... ser presente, simples, autêntico... é ser amor!
CARPE DIEM!!!
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“O essencial é aquilo que, se nos fosse roubado, morreríamos. O que não
pode ser esquecido. Substância do nosso corpo e da nossa alma... Os poetas são
aqueles que, em meio a dez mil coisas que nos distraem, são capazes de ver o
essencial e chamá-lo pelo nome. Quando isto acontece, o coração sorri e se
sente em paz...”
Rubem Alves
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa
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