A violência é um problema de ordem social. Todos nós temos testemunhado o seu crescimento nos grandes centros urbanos, porém, ela não está restrita a esses espaços, ela tem invadido todos os espaços ─ grandes ou pequenos, de forma assustadora e, infelizmente alcançou também os ambientes escolares. Estamos vivendo um momento crítico de insegurança pública.
Protagonizada, na maioria das vezes por jovens com problemas oriundos da própria família, como por exemplo, o uso de drogas, violência física e tantos outros, esses jovens mostram-se perdidos; são vítimas de uma sociedade desequilibrada, doente emocionalmente.
A conotação que dá (ou seria a denotação?) é que o mundo está de cabeça virada, como diziam os mais velhos. A inversão de valores, o preconceito, a falta de ética e de respeito parece que dominaram os indivíduos da contemporaneidade e esse comportamento é resultado da violência institucionalizada que nos transforma em reféns.
A conotação que dá (ou seria a denotação?) é que o mundo está de cabeça virada, como diziam os mais velhos. A inversão de valores, o preconceito, a falta de ética e de respeito parece que dominaram os indivíduos da contemporaneidade e esse comportamento é resultado da violência institucionalizada que nos transforma em reféns.
A onda de violência é tamanha que muitos acabam achando que é algo corriqueiro, faz parte da realidade. É aluno agredindo colega, filho agredindo pais e vice versa; é homem agredindo o outro; é professor agredindo aluno (em uma escala menor, hoje em dia) e aluno agredindo professor (em uma escala crescente e preocupante). Parece que perdemos a noção das coisas.
A falta de amor, de tolerância, de compreensão e de respeito pelo ser humano tem levado muitas pessoas, marcadas por algum desvio comportamental e/ou social a cometer crimes hediondos contra crianças, adolescentes, contra outros jovens e contra qualquer um que cruzar o caminho.
Atualmente ouvimos falar muito em bullying ─ palavra inglesa que serve para caracterizar atos intencionais de violência física ou psicológica de alunos(as) contra colegas. Esse fenômeno ─ o bullying é uma das formas de violência que mais cresce no mundo e isso é muito preocupante. Além disso, esse ato covarde não se limita apenas aos espaços escolares; pode ocorrer nas universidades, na família, na vizinhança, em locais de trabalho, etc.
Infelizmente, podemos atestar que a escola é uma das instituições sociais ─ extensão da sociedade massificadora, com ideologia burguesa e opressora ─ que por muito tempo funcionou como matriz geradora de violência por meio de suas práticas pedagógicas, de seus dispositivos reguladores, de seus métodos coercitivos, díspares e excludentes.
Contudo, ela não é a única, apenas um dos instrumentos do Estado que, durante muitas décadas propagou a ideologia burguesa. Mas, não podemos nos acomodar diante dessa situação; temos que trazer a problemática de fora da sociedade para dentro da sala de aula para que possamos combater esse tipo de atitude, pois a escola não está isolada, ela abarca parte da sociedade e precisa desempenhar o seu papel que é contribuir para a formação de cidadãos e cidadãs.
Precisamos resgatar valores que foram distorcidos, que foram deteriorados pelas desigualdades, pelas diferenças, pelas injustiças sociais, pela corrupção, pelo capitalismo excludente, pelo preconceito, pela intolerância.
A escola não pode ficar alheia a toda essa problemática, entretanto, ela tem que debater junto com todas as camadas da sociedade e o Estado a fim de buscar soluções para os conflitos causados pela violência e, sobretudo, prevenir para que não venha remediar ainda mais.
Não vamos conseguir soluções com equipamentos de segurança, como câmeras de vigilância, detector de metais, cercas elétricas e tantos outros equipamentos. Isso pode inibir por um tempo, pode conter, mas não vai resolver o problema. Precisamos dialogar, buscar parcerias entre escola, família, governantes, igreja e a sociedade de uma forma geral, a fim de conscientizar as pessoas que elas devem militar pela vida e não pela guerra. Não precisamos construir paredes e sim pontes.
Há um poema de Carlos Drummond de Andrade que eu gosto muito e cujo título é “O homem – as viagens”. Nesse poema Drummond fala da trajetória do homem, das viagens que ele já fez, como ele foi à lua, como colonizou, civilizou e humanizou a lua, assim como o fez em outros planetas e lugares. Ele prossegue no poema dizendo que, dentre tantas viagens que o homem já fez, resta a “dificílima e dangerosíssima viagem de si a si mesmo”. Ele precisa:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.”
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.”
Creio que é isso aí. Precisamos enquanto professores, educadores e sociedade constituída fazer uma viagem para dentro de nós mesmos e nos conscientizarmos que não precisamos militar contra o outro, mas em favor do outro. Devemos combater sim todo e qualquer tipo de preconceito, intolerância, violência, injustiça e exclusão. Podemos e devemos conviver com as diferenças respeitando o outro. Afinal, Deus não nos fez diferentes por acaso. Ele tinha algo nobre com essa intenção. Estejamos, pois, atentos.
Carpe diem!
Carpe diem!
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