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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CORRUPÇÃO: CÂNCER BRASILEIRO

Olá, queridos leitores.

Mais uma vez peço desculpas pela demora na atualização...correria, sem net, etc., etc.

Hoje estou de volta com um assunto nada agradável: A CORRUPÇÃO NO BRASIL.

Novidade? Sei que não é, mas infelizmente, é um assunto que já se tornou corriqueiro e...desagradável. Mensalão, corrupção, descaração e outros "ão" são nossa tristeza.

E por falar em corrupção e mensalão, segue um texto de Arnaldo Jabor. Vejam.


Estética da corrupção.

                                                                                   (Arnaldo Jabor)


Meu Deus, como a CPI do Cachoeira e o “mensalão” do Zé Dirceu têm nos ensinado no último ano... Aprendemos muito sobre a estética da corrupção, sobre a semiologia dos casos cabeludos. Eu adoro o vocabulário das defesas, das dissimulações, as carinhas franzidas dos acusados na TV ostentando dignidade, adoro ver ladrões de olhos em brasa, dedos espetados, uivos de falsas virtudes.

Quando explode um choro, é um êxtase. Alegam, entre soluços, que são sérios, donos de empresas impecáveis. Vai-se olhar as empresas, e nunca nada rola normal, como numa padaria. As empresas sempre são “em sanfona”, “en abîme” — uma dentro da outra, sempre com holdings, subsidiárias, firmas sem dono, sem dinheiro, sem obras, vagando num labirinto jurídico e contábil que leva a um precioso caos proposital, pois o emaranhado de ladrões dificulta apurações.

Me emociona a amizade dentro das famílias corruptas. São inúmeros os primos, tios, ex-sócios, ex-mulheres que assumem os contratos de gaveta, os recibos falsos, todos labutando unidos. Baixa-me imensa nostalgia de uma família que não tenho e fico imaginando os cálidos abraços, os sussurros de segredo nos cantos das varandas, o piscar de olhos matreiros, as cotoveladas cúmplices quando uma verba é liberada em 24 horas, os charutos comemorativos; tenho inveja dos vastos jantares repletos de moquecas e gargalhadas, piadas, dichotes, sacanagens tão jucundas, tão “coisas nossas”, que até me enternecem pela preciosidade antropológica de nossa sordidez.


Adoro ver as caras dos canalhas. Muitos são bochechudos, muitos cachaços grossos, contrastando com o style anoréxico das vítimas da seca, da fome — proletários chicselegantérrimos pela dieta da miséria. Os corruptos tendem para a obesidade e parecem acumular dentro das barrigas suas riquezas sempre iguais: piscinas, fazendas, lanchões, “miamis”. Todos têm amantes, todos com esposas desprezadas e tristes se consumindo em plásticas e murchando sob litros de Botox, têm filhos paspalhões, deformados pelas doenças atávicas dos pais e avôs. Aprecio muito bigodões e bigodinhos. Nas oligarquias, os bigodes corruptos são poderosos, impositivos, bigodes que ocultam origens humildes criadas a farinha d’água e batata de umbu, camuflando ancestrais miscigenados com índios e negros, na clara dissimulação de um racismo contra si mesmos.

Amo o vocabulário dos velhacos e tartufos. É delicioso ver as caras indignadas na TV, as uras de honestidade, ouvir as interjeições e adjetivos raros: “ilibado”, “estarrecido”, “despautério”, “infâmias”, “aleivosias”... Os corruptos amam a norma castiça da língua, palavras que dormem em estado de dicionário e despertam na hora de negar as roubalheiras. São termos solenes, ao contrário das gravações em telefone: “Manda a grana logo para o f.d.p. do banco, que é um grande *#@, senão eu vou #@** a mãe deste *#&@!!!”



Outra coisa maravilhosa nos canalhas é a falta de memória. Ninguém se lembra de nada nunca: “Como? Aquela mulher ali, loura, “popozuda“, de minissaia? Não me lembro se foi minha secretária ou não.”

E o aparente descaso com o dinheiro? Na vida real, farejam a grana como perdigueiros e, no entanto, dizem nos inquéritos: “Ih!... como será que apareceram dez milhões de reais na minha conta? Nem reparei. Ah... essa minha memória!...”

E logo acorrem os juízes das comarcas amigas, que dão liminares e mandados de segurança de madrugada, de pijama, no sólido apadrinhamento oligárquico, na cordialidade forense e sempre alerta , feita de protelações, dasaforamentos, instâncias infinitas, até o momento em que surge um juiz decente e jovem, que condena alguém e é logo xingado de “exibicionista”.
Adoro as imposturas, as perfídias, os sepulcros caiados, os beijos de Judas, os abraços de tamanduá, as lágrimas de crocodilo.

Adoro a paisagem vagabunda de nossa vida brasileira, adoro esses exemplos de sordidez descarada, que tanto ensinam sobre o nosso Brasil. Amo também ver o balé jurídico da impunidade. Assim que se pega o gatuno, ali, na boca da cumbuca, ali, na hora da “mão grande”, surgem logo os advogados, com ternos brilhantes, sisudos semblantes, liminares na cinta, serenidade cafajeste e, por trás de muitos deles, dá para enxergar as faculdades malfeitas, as “chicaninhas” decoradas, os diplomas comprados. Imagino a adrenalina que lhes acende o sangue quando a mala preta voa em sua direção, cheia de dólares. Imagino os olhos covardes dos juízes que lhes dão ganho de causa, fingindo não perceber a piscadela cúmplice que lhes enviam na hora da emissão da liminar.


Os canalhas explicam o Brasil de hoje. Eles tem raízes: avô ladrão, bisavô negreiro e tataravô degredado. Durante quatro séculos, homens como eles criaram capitanias, igrejas, congressos, labirintos. Nunca serão exterminados; ao contrário — estão crescendo. Acham-se sempre certos, pois são “vítimas” de um mal antigo: uma vingança pela humilhação infantil, pela mãe lavadeira ou prostituta que trabalhou duro para comprar seu diploma falso de advogado. Não adianta prender nem matar; sacripantas, velhacos, biltres e salafrários renascerão com outros nomes, inventando novas formas de roubar o país.

Adoro ver como eles gostam do delicioso arrepio de se saberem olhados nos restaurantes e bordéis; homens e mulheres veem-nos com volúpia: “Olha, lá vai o ladrão...” — sussurram fascinados por seu cinismo sorridente, os “maîtres” se arremessando nas churrascarias de Brasília e eles flutuando entre picanhas e chuletas. Enquanto houver 25 mil cargos de confiança no país, enquanto houver autarquias dando empréstimos a fundo perdido, eles viverão. Não adiantam CPIs querendo punir. No caso do mensalão, durante suas defesas no STF, vimos que muitos contavam justamente com as deficiências da Justiça para ganhar. Pode ser que agora mude tudo, depois desse julgamento histórico. Mas, enquanto houver este bendito Código de Processo Penal, eles sempre renascerão como rabos de lagartixa.

Esse texto aborda, de forma irônica e bem humorada, de certa forma, um problema grave, aqui no Brasil: A CORRUPÇÃO. Tal fato causa indignação e revolta aos cidadãos de bem.

A conivência, a solidariedade e o descaramento entre os corruptos é algo incrível; dá até pra fazer um filme. Seria muito comovente essa trama - pra não dizer que causa nojo, asco.

De acordo com o dicionário, a palavra corrupção vem do latim corruptus, que tem como significado quebrado em pedaços. O verbo corromper significa "tornar pútrido", ou seja, putrefato; em outras palavras, PODRE. Pois é isso que todas as pessoas corruptas são:  podres, asquerosas, irresponsáveis.

A consulta ao dicionário ajudou, mas nem precisava para sabermos, pelos exemplos que temos visto nessa nação, que corrupção é o desvio do dinheiro público para fins pessoais, particulares, para interesse próprio. Obviamente que o conceito e a abrangência do termo vai muito além, contudo, queremos focar nesse aspecto, tendo em vista a grande incidência, a proliferação desse mal.

A corrupção no Brasil é uma erva daninha, que se não for exterminada logo, causará ainda mais desgraças. O corrupto é um leviatã que não tem escrúpulos, só visa seus interesses, só enxerga o próprio umbigo. Os corruptos são porcos, podres e deterioram a sociedade e os interesses coletivos.

Espero que esses monstros sejam capturados, pois os que cometem tais crimes devem ser punidos severamente.


O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.

CARPE DIEM!!

2 comentários:

  1. Prezada Professora, como já dizia o Jô Soares, "a corrupção não é um privilégio do Brasil, mas a impunidade é uma coisa muito nossa!".

    Brasil, terra de BANDIDOS POLÍTICOS que o povo continua elegendo. Eita!!!

    Abraços!

    Osmar Filho.
    20/11/2012

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  2. Verdade, Osmar. Infelizmente carregamos esse estigma, que, oxalá fosse apenas um estigma, um rótulo, poré, volto a dizer, infelizmente carregamos conosco. Não sei até quando, mas o nosso desejo, como cidadãos brasileiros é que todos os crimes, entre eles, a corrupção sejam devidamente punidos.

    Obrigada pela contribuição.

    Quero aproveitar a oportunidade para parabenizá-lo pela aprovação na OAB. Deus o abençoe e o capacite cada vez mais

    Abraço e sucesso no seu blog, que por sinal, continua de vento em popa.

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