Hoje quero refletir com vocês sobre um assunto recorrente, rotineiro, porém, não menos importante nos dias atuais: a situação da educação no Brasil e, consequentemente a desvalorização dos professores.
A educação brasileira, contrariando as estimativas e afirmativas das autoridades, ainda deixa muito a desejar. Uma educação de qualidade perpassa pelas metas que se estabelece, a fim de alcançar resultados positivos, satisfatórios.
Para que se tenha índices satisfatórios, resultados positivos na prática, é preciso que se invista na qualificação dos professores, em salários dignos, em condições de trabalho, no estudante real, oportunizando o acesso à tal educação de qualidade tão desejada por todos os brasileiros.
Futucando aqui meu PC, achei um texto interessante de Joaquim Antonio Ferreira de Souza, o qual tem uma história de lutas sindicais e é considerado um grande divulgador da cultura sergipana. Tal texto trata das questões ligadas à luta dos professores por melhores condições de trabalho, da repressão sofrida, não apenas nessa greve histórica no Paraná, mas creio que, a vara que fere é conhecida por todos os educadores. Eu que o diga, por experiência própria, o sofrimento que nós, professores baianos passamos numa também histórica greve, sob a tirania de um governo corrupto, cruel e clientelista, ou melhor, "porcorativista" que nos oprimiu, perseguiu e nos sugou, esgotou as expectativas, esperanças e...paciência!.
Bem, falar sobre o descaso com a educação nesse país me causa muita indignação, acho melhor partir imediatamente para o texto de Joaquim Antonio para eu não me apropriar da postagem inteira...rss.
Vamos ao texto...
Vamos ao texto...
É de certo que professor nesse país sempre apanhou. Apanha pela falta de reconhecimento, apanha pelo salário indigno, apanha pela luta histórica por um sistema educacional que o tenha como umas das peças fundamentais da construção de uma educação de qualidade, apanha pela rotina de trabalho, apanha pela desmotivação dos alunos, apanha pelo sistema educacional defasado, com seus critérios retrógrados de avaliação, apanha pela obrigatoriedade de cumprir um programa pedagógico que não condiz com o que ele acredita, nem condiz com a realidade do aluno, servindo de ferramenta para a sua vida prática. Apanha consequentemente pelo simples fato de ter abraçado essa profissão.
Agora os professores, mais uma vez, apanharam literalmente no Paraná. Foram mordidos por cães, feridos por bombas de borracha e tratados como marginais. Apanharam do poder público, do poder uniformizado amparado pelo Estado.
Segundo a policia alguns professores estavam armados, por isso o motivo do confronto. Mas sabemos que a arma do professor, aquela da qual o Estado teme, é outra. É a arma que prepara cidadãos e os torna livres do voto de cabresto, os torna livres da manipulação, lhe possibilita uma condição mais digna de cidadão e o torna um ser mais pensante e ativo, como desejam os professores de fato comprometidos com o seu ofício.
Quando se tortura um professor, não está se torturando apenas um corpo físico. Tortura-se o corpo simbólico. Tortura-se o conhecimento, tortura-se a já desacreditada educação. A tortura não espanca apenas o ser, tortura a esperança na renovação de uma das mais dignas e significantes profissões para a formação de um povo. Quando se bate em um professor, bate-se também no aluno, que já não será tão bem mais iluminado por essa chama, que depende da autoestima do seu mestre. Um Estado que espanca um professor, provoca uma sangria em toda uma comunidade: sangra a escola, sangram os alunos, sangra o saber, sangra a esperança, destrói o simbólico, nos desampara da crença em um país que não se modificará, porque ferida estará a alma dos seus mestres, iluminadores de tantas outras almas. Professores são faróis, centelhas de um povo que vive na escuridão do atraso social e político, de um Estado que fecha as portas da esperança de um povo, que precisa com urgência atravessar esse túnel obscuro, o da falta de conhecimento.
Quando um professor sangra, a vida sangra junto com ele.
(Joaquim Antonio - Banda Casaca de couro)
(Joaquim Antonio - Banda Casaca de couro)
É preciso que as autoridades e a sociedade, de forma geral valorize mais os professores, seu trabalho, sua trajetória, seu papel, sua real importância para que a história dessa nação seja transformada para melhor, para que possamos exercer a nossa cidadania...de fato e de direito!
CARPE DIEM!!!
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