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sábado, 20 de setembro de 2014

DÁ-LHE POESIA!

Boa noite, bom dia, boa tarde - nessa ordem, pois agora é noite aqui...rss.

Depois de alguns dias na correria, eletrizada, volto a postar e, dessa feita, com poesias para alimentar a alma.



Selecionei algumas poesias pra vocês se deliciarem e me acompanharem na leitura deleitosa de autores como Paulo Leminski, Pablo Neruda e Carlos Nejar.


O que quer dizer

O que quer dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.




                 Amar você é coisa de minutos…
                                       Paulo Leminski

                   Amar você é coisa de minutos
                   A morte é menos que teu beijo

Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim 
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece

 Um servo que não diz não
      Morto teu pai serei teu irmão
      Direi os versos que quiseres
      Esquecerei todas as mulheres
    Serei tanto e tudo e todos
      Vais ter nojo de eu ser isso
 E estarei a teu serviço
  Enquanto durar meu corpo
      Enquanto me correr nas veias
      O rio vermelho que se inflama
     Ao ver teu rosto feito tocha

 Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
                        Sim, eu estarei aqui


       
 NOSSA SABEDORIA É A DOS RIOS

                          Carlos Nejar

Nossa sabedoria é a dos rios.
Não temos outra.
Persistir. Ir com os rios,
onda a onda.

Os peixes cruzarão nossos rostos vazios.
Intactos passaremos sob a correnteza
feita por nós e o nosso desespero.
Passaremos límpidos.

E nos moveremos,
rio dentro do rio,
corpo dentro do corpo,
como antigos veleiros.




SE VOCÊ ME ESQUECER
                      Pablo Neruda

Quero que você saiba uma coisa. 
Você sabe como é: 
Se eu olhar a lua de cristal, pelo galho vermelho 
do lento outono em minha janela, 
Se eu tocar, próximo ao fogo, a intocável cinza 
ou o enrugado corpo da lenha, 
tudo me leva a você, 
como se tudo o que existe: perfumes, luz, metais, 
fossem pequenos barcos que navegam 
rumo às tuas ilhas que me esperam. 

Bem, agora, 
se pouco a pouco você deixar de me amar 
eu deixarei de te amar, pouco a pouco. 

Se, de repente, você me esquecer, 
não me procure, 
pois já terei te esquecido. 

Se você considera longo e louco 
o vento das bandeiras 
que passa pela minha vida, 
e decide me deixar na margem do coração 
em que tenho raízes, 
lembre-se que neste dia, 
nesta hora, 
levantarei meus braços 
e minhas raízes sairão a buscar outra terra. 

Mas 
Se cada dia, 
cada hora, 
você sentir que é destinada a mim 
com implacável doçura, 
se cada dia uma flor 
escalar os teus lábios a me procurar, 
ah meu amor, ah meu próprio eu, 
em mim todo esse fogo se repete, 
em mim nada se apaga nem é esquecido 
meu amor se nutre no seu amor, amada, 
e enquanto você viver, estará você em seus braços, 
sem deixar os meus...


Vivo cada dia como se fosse cada dia.
Nem último, nem primeiro__ o único

Pablo Neruda

Espero que tenham gostado e desejo a todos uma semana abençoada.

CARPE DIEM!!!

2 comentários:

  1. Olá, professora Abigail!

    Sempre em seus momentos poéticos... muito bom!

    Um abraço e parabéns novamente pelo blog com assuntos importantes e também descontraídos.

    Osmar Filho.
    23/09/2014

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    Respostas
    1. Querido Osmar

      A vida é feita de poesias, ou melhor, a vida é uma poesia com versos que vão sendo tecidos a cada dia de nossa existência. Versos melódicos, tristes, sombrios, esfuziantes, ternos... que traduzem o nosso eu.

      Não vivo sem poesia, não sei viver sem estar apaixonada pela vida, pelo ser. Só não sei lidar com as palavras, pois, como dizia Drummond, lutar com as palavras é difícil, "É a luta mais vã/ Entanto lutamos, mal rompe a manhã./ São muitas, eu pouco./ Algumas, tão fortes como o javali./Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las./ Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida./Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça. "

      É isso. Eita, filosofei ou poetizei? Muitos risos.

      Obrigada pela participação, pelo carinho e as palavras estimuladoras de sempre.

      Abigail Fonseca
      23-09-14

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