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segunda-feira, 23 de julho de 2012

JÁ NÃO SE FAZEM MAIS ESTUDANTES COMO ANTIGAMENTE...

Esse título parece algo obsoleto, mas eu afirmo que não, ele é bem pertinente, bem adequado a atual conjuntura.
Por que eu estou afirmando isso? Bem, por experiência própria. Eu, além de lecionar, faço revisão de textos, de trabalhos, oriento TCC, monografia, faço revisão de teses e dissertações. É comum chegar estudantes de diversas partes "sugerindo" que eu faça, ou melhor, produza trabalhos em troca de pagamento, pois pensar, escrever, dá muito trabalho. Apesar da coisa "tá feia" ultimamente, apesar da crise financeira, ainda mais depois de mais de 100 dias em greve, sem receber um centavo, não dá pra me submeter a uma coisa dessas. Sei que tem muita gente que faz, eu não condeno, mas eu não faço.


Boa parte dos estudantes, atualmente está no grupo da geração "Control C, Control V", ou seja, aqueles que chegam na internet copiam e colam tudo o que veem, sem analisar, ler, sem critérios e se apropriam dos textos de outrem como se eles fossem os verdadeiros autores. Por experiência própria, sei que isso ocorre da educação básica à universidade, pois já tive muitos alunos desses níveis.

O nível educacional que se tem no Brasil atualmente deixa muito a desejar. E o problema começa da base, da alfabetização. Há muitos projetos governamentais, contudo, há muito o que fazer ainda pra que tenhamos uma educação de qualidade. Falta investimento e respeito aos professores. Falta encarar a educação com sendo algo prioritário, caso contrário, ela será apenas um meio de arrancar dinheiro para investir em projetos mirabolantes e ineficazes. Falta respeito ao cidadão, pois investindo nele, investindo na educação teremos um país próspero onde todos têm as mesmas oportunidades.

Mas, pra que investir em educação se é mais fácil ter um povo desinformado para poder manipular melhor, não é mesmo?

Voltando ao aspecto inicial do texto, quero chamar a atenção para uma reportagem sobre uma estudante universitária de Belém que forjou o próprio sequestro para não entregar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Confesso que fiquei chocada quando li a notícia, mas infelizmente esse é o perfil que temos hoje em todos os níveis educacionais.

A proliferação de escolas e faculdades particulares em "quase todas as esquinas" contribuiu e muito para essa situação. É incrível, mas a maioria dos estudantes atualmente não querem saber mais de ler, de pensar; produzir então, nem se fala.
Não atribuo totalmente a culpa a tais estudantes, mas o problema é uma bola de neve: é o sistema, são profissionais despreparados, são instituições de ensino sem projetos educacionais sérios, são estudantes descompromissados, sem perspectivas...

Há que se fazer alguma coisas, ou melhor, muita coisa para mudar esse quadro, a começar por eleger políticos que tenham compromisso com o social.
 E por falar nisso, quero citar o exemplo de duas cidades do estado do Rio de Janeiro, que são os municípios de Bom Jesus de Itabapoana e Santo Antônio de Pádua, cujo número de votos nulos em eleições municipais, em 2008, superaram o número de votos válidos, comprometendo dessa forma, as eleições. Resultado, em Bom Jesus de Itabapoana os votos nulos alcançaram 89,23% da preferência do eleitorado e o único candidato à prefeitura amargou com 6,3% dos votos. Já em Pádua, os votos nulos somaram o equivalente a 60,35% do eleitorado. Por conta disso, uma nova eleição foi realizada. 

O TRE afirma que, nenhum candidato pode tomar posse quando os votos nulos e em branco apresentam um coeficiente maior do que a soma dos votos dados aos candidatos.

Essas coisas não se divulgam, não é mesmo? Quando fizermos isso, automaticamente estaremos exigindo a realização de uma nova eleição com outros candidatos, pois os mesmos não podem pleitear novamente. Só assim surgirão candidatos comprometidos e uma sociedade mais organizada.

 
Assim, fatos como o da estudante que forjou o próprio sequestro, pois não tinha produzido o trabalho e cujo prazo já havia expirado, não acontecerão, uma vez que, instituições de ensino, professores e estudantes estarão imbuídos do mesmo objetivo.

Carpe diem!

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